No entender da Cielo, o negócio pode aumentar barreiras à entrada no segmento de software de gestão, além da possibilidade de “venda cruzada” entre as soluções
Por Portal Valor Investe em 26.10.20
A Cielo encaminhou ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) suas considerações sobre os efeitos no mercado de uma possível união entre Linx e Stone. A empresa quer ser habilitada como “terceira interessada” no processo. O regulamento do Cade prevê o pedido de intervenção de terceiros cujos interesses possam ser afetados pelo ato analisado pelo Conselho.
No documento, a Cielo argumenta que a Stone é relevante em meios de pagamento e a Linx é líder do segmento de software para gestão de operações de varejo, compreendendo tanto softwares de automação comercial como soluções de pagamento. A empresa, diz a Cielo, alcançou essa posição após 34 aquisições de concorrentes e concentra, hoje, fatia de 45,6% do mercado.
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Se a operação for adiante, diz a Cielo, a integração dos serviços de pagamentos da Stone com os softwares de gestão da Linx, dará à Stone o “elevado poder de mercado” da Linx em softwares de gestão para o varejo, aumentando “incentivos e condições para o exercício abusivo” desse poder de mercado.
No entender da Cielo, a verdadeira justificativa para a operação é permitir a alavancagem entre os segmentos de software de gestão e meios de pagamento, causando aumento de barreiras à entrada no segmento de software de gestão, a possibilidade de “venda cruzada” entre as soluções e lock-in da base de clientes, além de permitir acesso a informações sensíveis que darão à Stone uma vantagem competitiva indevida.
Segundo a Cielo, soluções de software de gestão empresarial têm se tornado cada vez mais essenciais ao varejo, e assim conexões com essas soluções são essenciais para adquirentes. A credenciadora ainda alega que os custos de troca entre essas soluções seriam elevados devido a “customizações que são efetuadas ao longo do tempo” e “em razão da integração existente entre os diferentes sistemas do estabelecimento comercial”, e que esses custos podem ser maiores quanto mais estabelecimentos a rede varejista possuir.
A Cielo pede a impugnação da operação ou, no caso de aprovação, “que sejam impostos remédios suficientes e capazes de eliminar todas as preocupações concorrenciais” expostas. O documento da Cielo foi preparado pelo Pereira Neto Macedo Advogados.
(Esta reportagem foi publicada originalmente no Valor PRO, serviço de informações e notícias em tempo real do Valor Econômico)